segunda-feira, 22 de abril de 2013

Penso

Penso...

Penso no beijo que não te dei.
Penso no que não aconteceu,
No quanto te amei, te desejei.

Penso na lágrima que rolou,
Penso no sorriso que feneceu
Quando a despedida ressoou.

Penso no meu amor que negaste.

Penso na dor que não debelaste.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Imortal

Corta, perfura, remenda…
Da emoção, nasce o poema
No caos, morre o poeta.
Fim do primeiro ato!

Corta, perfura, remenda…
A cada poema,
 Renasce do caos, o poeta.
Fim do segundo ato!

Corta, perfura, remenda…
Imortal é o poema,
A alma do poeta
Fim do espetáculo!

— Imortal

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Saudade

Então eu estava deitada, admirando o manto estrelado. Me lembrei de ti, as constelações formavam seu rosto, talvez pudesse ter loucura minha, mas era tão natural, seus olhos desenhados com o mesmo brilho, seu sorriso com o mesmo sentimento. Estaria eu obcecada pela sua imagem? Mas mesmo que fosse isso, eu estava feliz, as estrelas me levavam pra perto de você. Tão perto dos olhos, mas tão distante. Logo aquela gota amarga me correu pelo meu semblante, tinha cheiro de saudade, quem dera ela pudesse me teletransportar para o teu lado, e ter você perto de mim.

terça-feira, 9 de abril de 2013

A Ruiva

Clarisse tinha a pele clara, branca como a neve, suave como veludo. Seu cabelo era avermelhado, num tom de ferrugem, envelhecido, quase como uma chama fria. Seus olhos azuis combinavam com a ambiguidade de seu olhar, um olhar frio e congelante. Tão magra que até o vento tinha medo de soprar achando que poderia assim a partir no meio de tão delicada que era. Tinha a alma frágil, fácil de perceber só de olhar, quase sempre estava tristonha e dificilmente esboçava um sorriso de Monalisa, oblíquo, sem esforço. E Clarisse estava trancada no banheiro, deitada no canto, cansada de ser vilipendiada, incompreendida e descartada. Sentia-se um pássaro, preso dentro da gaiola sem poder cantarolar e voar para longe dos problemas. Clarisse estava internada numa clínica.

Cotidiano

À noite se mantém em paz. O único som que paira pela minha atenção no momento é o do vento batendo contra as folhas das árvores já quase todas secas. Não estava perto de nenhuma das janelas do enorme casarão e nem às árvores estavam tão próximas assim. Mas eu estava tão isolada do resto do mundo, impregnada no meu próprio eu, que nem me dava conta de como o tempo passava. Já era tarde da noite, eu estava deitada e tinha que dormir, mas a insônia estava me acompanhando junto a uma vastidão de pensamentos. Começou a passar um filme em minha mente, um filme de toda a minha vida, eu já estava com vinte e tantos anos nas costas e realmente pouca coisa daquele tudo me interessava.

Percebi onde realmente eu havia chegado, tinha um "emprego dos sonhos", uma casa grande, um carro novo, o celular de ultima geração, roupas e sapatos que sempre quis, mas não estava feliz, parecia que havia um vazio impossível de ser preenchido dentro do meu peito, tão vazio que ouço, em mim, os ecos de minha própria voz gritando por socorro, um nó na garganta daqueles impossíveis de ser desfeitos e dúvidas que eu sabia que jamais seriam esclarecidas. Tais sentimentos existem, ou seria apenas criação de um cérebro desocupado?

Há tempos eu havia me transformado em uma colecionadora de lágrimas, conseguiria até encher um oceano inteiro. Desabei inconformada com a vida que levava nesta noite. Estava triste quase o tempo todo, era rotineiro, mas ninguém percebia, ou talvez percebessem e não dessem importância. Às vezes as pessoas não enxergam além das aparências. Eu só queria ser capaz de desligar a dor, sabe?

Noite passada tive um sonho de como seria minha vida, tão diferente do inferno que estou vivendo. Ao mesmo tempo em que tenho tudo, não tenho nada. Minhas amizades tomaram rumos completamente diferentes da minha, me deixaram, e minha família, eu nem sei onde e como se encontram hoje. Pensei por um tempo que te tinha, mas você se cansou de mim, como todo mundo. Até prometeu que seria para sempre, mas como todos outros, mentiu. Queria que as coisas fossem fáceis como parecem, não aguento mais tudo isso.

Viver é recomeçar infinitas vezes, e eu estou cansada disso tudo. Estou me perdendo, o medo só me consome.