terça-feira, 9 de abril de 2013

A Ruiva

Clarisse tinha a pele clara, branca como a neve, suave como veludo. Seu cabelo era avermelhado, num tom de ferrugem, envelhecido, quase como uma chama fria. Seus olhos azuis combinavam com a ambiguidade de seu olhar, um olhar frio e congelante. Tão magra que até o vento tinha medo de soprar achando que poderia assim a partir no meio de tão delicada que era. Tinha a alma frágil, fácil de perceber só de olhar, quase sempre estava tristonha e dificilmente esboçava um sorriso de Monalisa, oblíquo, sem esforço. E Clarisse estava trancada no banheiro, deitada no canto, cansada de ser vilipendiada, incompreendida e descartada. Sentia-se um pássaro, preso dentro da gaiola sem poder cantarolar e voar para longe dos problemas. Clarisse estava internada numa clínica.

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