terça-feira, 18 de junho de 2013

Rascunho

Eu sou poesia mal escrita, dor em prosa e alegria em verso. Sou palavras cuspidas num papel de qualquer jeito, um dia bem organizada e outro sem métrica alguma. Sou a vergonha dos grandes escritores, os clichês dos poemas de amores, sou a biografia dos anônimos, da escória poética, sou os mal amados, sujos, safados, tarados e doentes amor. Sou a psicose humana transcrita na prancheta de um analista, sou a crise de ciúmes da namorada via sms, sou os podres e os defeitos que circundam os meros mortais e os sonhos puros e brilhantes de um diário perdido de uma menina de quatorze anos. Sou o primeiro amor dos roteiros de filmes da Disney e o último a lá Moulin Rouge. Eu sou as músicas bregas que te fazem rir, as lindas que tocam tua alma e aquelas que te fazem dançar até não sentir mais os pés. Sou cada palavra, escrita, cantada, cuspida, gritada. Sou o gemido entre dentes de uma foda bem dada. Eu sou o sussurro ao pé do ouvido, seguido de um eu te amo de uma noite de amor intenso. Sou um tapa na cara da sociedade, sou caneta, lápis, papel e nunca borracha. Sou um erro que prevalece e permanece e não posso ser apagada. Nem mesmo por mim. Sou página marcada, colada na cabeceira da cama, repetindo tudo aquilo que você não vai esquecer. Sou um desenho mal acabado, sou pintura por acaso, sou o luxo do lixo, sou o esclarecer do profundo. Eu sou o rascunho do mundo! E nada nem ninguém seria capaz de me passar a limpo.




caosdoacaso

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