quinta-feira, 6 de junho de 2013

Violão

A cor não importa, há das mais variadas, de rosa até o amarelo. As seis cordas são essenciais para a melodia ficar perfeita. Afinação você mesmo pode fazer. Quando vires o buraco no meio do instrumento não se assuste. O furo faz com que o som saia mais alto. Minha habitação é a cova que está no centro desse instrumento. O oco é lá. O vácuo está em mim. O som produzido é belo, mas omite meus gritos de clamor. O que ouvires a partir de agora pode lhe acalmar, entretanto tenha ciência que algo pode lhe passar despercebido. Aprecie o timbre da solidão se tornar presente. Escuta? Minhas lamúrias formando as estrelinhas da música. Observe como são torturantes os tons mais agudos. Machucam? Estraçalham minha alma com um concerto musical todas as noites. O rasgo que fizeram dentro de mim já não dói mais. Acostumei com o som triste e dolente me pondo pra dormir. O eco já não me engole. Pois estou em casa. Nesse casulo escuro e frio é onde vou morar. No fundo desse oco estão trancafiadas as minhas dores. Aconselho-te que não leia tais frustrações. Correrá um grande risco de se engasgar com palavras pesadas e podres. Ainda está escutando minha alma cantar? Ouça. Veja que a letra narra o meu assassinato. Uma alma que já viveu e que hoje está em estado de vegetação. O sarau de minhas dores está acabado, as cordas viraram um emaranhado, meu eu está completamente aniquilado.

Apregoar e Maretiza

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