domingo, 15 de novembro de 2015

Semema

O que eu te amo
já atravessou a fronteira da tua pele
pela fresta na pupila
e foi matar a sede na tua foz,
lamber-lhe o sumo
que, corpo afora diluído
em só aromas em que te esvais,
ou timbres de voz,
ou charme nos meneios corporais,
funda cultos e suicídios.
E o sabor lambido
desprograma as camadas todas
que me constituem
em cada vez menos carne ou crença ou tudo
a restar só um halo mudo,
tão ínfimo que, enfim,
sou eu em mim,
ou quase,
meu algoritmo base.
O que eu te amo não tem nada em volta,
não tem corpo,
não tem volta
e é tão mínimo quanto o que vi de onde tudo vem:
Bóson de nosso permanente Big Bang!

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