domingo, 22 de novembro de 2015

Via Láctea

Ela costurava planetas como colcha,
a cobrir o frio proveniente de seus buracos negros,
na esperança de errar o mesmo erro
e encontrar o ponto antigo,
perdido em alguma parte do limbo,
pelo qual um dia cerziu a Terra.
Embora a roupa cósmica pouco esquente,
escolhe as galáxias mais belas e veste,
vaidosa e displicente,
enquanto, caídas pelo chão da Sala eterna
forma-se o manto celeste
no desperdício das estrelas que ela relega.
Nem lembra,
entre tanto astro disperso,
verificar se em algum já brotou vida.
Esquecendo luas, cometas, nebulosas perdidas,
tece entretida a costureira do Universo.
Pena não termos ainda o maquinário de observação
para contemplar a beleza desse trabalho,
enxergando apenas as partes discretas,
seus retalhos.
O Todo,
fica-nos por conta dos poetas
e sua estranha imaginação...
Adriano Dias

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